Nem bate na porta, não chame por mim, não diga que o café está na mesa. Não vou, não vou. Essas suas tentativas vãs de me ter por perto não vão levar a lugar nenhum. Quem disse que eu queria estar aqui? Você me trouxe até aqui. Agora atura a birra.
Sei que daqui a algumas horas eu vou. Cabeça erguida, olhar desafiador, fazendo pouco. Por dentro, a sensação da derrota, da humilhação de ter cedido. Mas eu acabo indo. Você sempre consegue tudo o que quer.
Sei lá, talvez desta vez não. Estou bem aqui. Acho que comecei a organizar um mundo sem você. Sem o café, sem o bater na porta, sem o chamado. Organizar um mundo novo, do qual você nunca fez parte e, logo, não me faz falta.
E nem adianta forçar a barra, estou sem inspiração. Não vou discutir. Talvez não desta vez. Quem sabe na próxima? E será que você vai ter coragem de me chamar de novo? Talvez não.