sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Querências

Quero viver em constante estado de graça. Sem urgências. Sorvendo cada instante. O sabor de sorvete de morango. Quero que a felicidade seja homeopática. Tratamento contínuo, diário, preventivo, curativo, misterioso. E quero que a dor seja a dose de uísque no final de um dia ruim. Presente, desnecessária, bem-vinda e fugaz. Quero que mil sóis me aqueçam quando sentir frio. Quero alguém do meu lado que seja esses mil sóis. Quero castelo, fada-madrinha. Bom-dia, lençol branco, comercial de margarina sem os filhos. Quero que se acabe o chão sob meus pés e asas. Quero loção de alfazema depois do banho, sofá com manta, café-com-leite, meia, filme. Quero cerveja de garrafa com risada. Fritas com barulho de noite inteira pela frente. Quero ócio ocioso, cochilo na tarde. Quero mochila, avião, céu, ônibus, estrada. Cenários diversos, todas as línguas, na boca dos outros e na minha, e todas ao mesmo tempo. Quero cultura, de fora para dentro e de dentro para fora. Quero não poder e mesmo assim fazer. Quero ser e quero ter também. Não quero que o ter defina o meu ser, ao contrário. Quero querer.