sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Odeio mulheres

Mulheres sonham. Mulheres sofrem. Mulheres choram. Criam e vivem fantasias.
Mulheres são sentimentais. Mulheres têm inveja. Mulheres não sabem o caminho. Choram no trânsito, com ou sem óculos escuros.
Mulheres dão à luz. Mulheres dão a vida. Mulheres querem algo em troca. Preferem agradar pelo que não são.
Mulheres boazinhas. Mulheres inseguras. Mulheres medrosas. Mulheres guerreiras. Mulheres más. Estereótipos.
Mulheres procuram a vida inteira. Mulheres nunca acham. Mulheres só querem ser felizes. A felicidade não foi feita para as mulheres.

domingo, 19 de agosto de 2007

Eu

Eu sou aquela que procura respostas, mas acha que já as possui todas. Eu sou aquela que finge. Eu sou aquela que perdeu de vista a paisagem, pois mora em um cenário. Eu sou aquela perdida que ninguém encontra. Eu sou aquela que ainda acredita que exista alguém que vá encontrá-la. Eu sou quem procura frases de outrem para se definir. Eu sou quem ninguém mais é.
Aquela chorando, sou eu. Aquela sorrindo, sou eu. Aquela que tenta lembrar o que já esqueceu só para poder esquecer o que não deixa de lembrar. Aquela que parece não guardar segredos, mas que, contando tudo, protege os seus maiores mistérios. Aquela que parece opaca, mas que tem em sua opacidade sua maior verdade. Aquela que não gosta de si mesma.
Alguém que tenta alcançar, mas desiste na segunda tentativa para não cair. Alguém que tem vergonha de cair. Alguém que talvez prefira estar caído a levantar-se. Alguém que não sabe andar ainda.
Sou quem não viu o tempo passar. Sou quem procura remendar o tempo. Sou quem tem medo do tempo que passou e do que vai passar também. Sou quem não sabe viver o tempo.
A mão estúpida que acaricia. O sol frio. O sono durante a aula. A piada mal contada. O nervosismo da estréia. O primeiro beijo. O pneu furado durante a viagem de férias. Entrar no cinema depois do filme começado. O atraso do noivo. A festa na casa vazia. O laço de fita do presente. A risada depois de tanto chorar.
E você? Quem é você?

domingo, 12 de agosto de 2007

E

E os danos causados serão todos reparados. E eu volto às metáforas sem medo de ser feliz. E eu volto. E eu só volto, porque eu um dia fui. E é assim. E, e, e, e, e e e. E tudo começa com e, porque, na verdade, nada começa. Sempre existirá algo anterior ao que está sendo dito. Só Deus criou do nada. Acho, inclusive, que até Deus tem os seus es.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Inferno astral e mais um remendo

Inferno astral. Algo tinha que dar errado. A dúvida que fica é se eu vivi tudo que tinha para viver. O que fica, talvez, é um arrependimento, uma vontade de ter feito de outra maneira. Fica também a recordação dos bons momentos, dos sorrisos, da diversão. Mas não quero pensar em bons momentos agora, porque ainda é triste pensar que estava bom e acabou.
E eu sei que vai passar, pois tudo passa. Passa até a lembrança. A dúvida também passa, o arrependimento e a vontade de ter feito de outra forma vão ser esquecidos igualmente, afogados por outros sentimentos.
E então, mais um fim, o que significa mais um recomeço. E é sempre bom recomeçar. É bom recomeçar com a bagagem e a experiência da história anterior. Aprendendo e vivendo, como diz uma grande amiga. Sempre. Aprendendo e vivendo.

E agora, a letra de música de um mestre que tem muitas respostas para várias das minhas perguntas...

"Sanar", de Jorge Drexler

Las lágrimas van al cielo
Y vuelven a tus ojos desde el mar
El tiempo se va, se va y no vuelve
Y tu corazón va a sanar
Va a sanar
Va a sanar

La tierra parece estar quieta
Y el sol parece girar,
Y aunque parezca mentira
Tu corazón va a sanar
Va a sanar
Va a sanar
Y va a volver a quebrarse
Mientras le toque pulsar

Y nadie sabe por qué un día el amor nace
Ni sabe nadie por qué muere el amor un día
Es que nadie nace sabiendo, nace sabiendo
Que morir, también es ley de vida.

Así como cuando enfríe
Van a volver a pasar
Los pájaros, en bandadas,
Tu corazón va a sanar
Va a sanar
Va a sanar

Y volverás a esperanzarte
Y luego a desesperar
Y cuando menos lo esperes
Tu corazón va a sanar
Va a sanar
Va a sanar
Y va a volver a quebrarse
Mientras le toque pulsar

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Da série "eu sou esquisita"

Quando acontece alguma coisa chata com você e você fica triste, é normal que você faça algo de bom para você, algo para se sentir bem: faz compras, come algo gostoso. Ok. Pode até ser que você prefira se esconder e durma o dia inteiro. Mas acho que não é comum que você piore a situação. Sim! Eu pioro a situação. Eu, afogada na minha decepção, frustração, fracasso ou o que quer que seja, tento tornar tudo um pouco pior. Eu começo um processo sistemático de autopunição que inclui desde comer com o objetivo de engordar e ficar horrível a voltar a tomar anfetamina.
Vamos falar deste hábito, grande problema na minha vida, de tomar anfetamina com o objetivo de ficar bonita. Todos sabemos que esse é um bonita esquisito, pois é uma beleza que surge em detrimento da minha sanidade. Esse lance me faz mal, definitivamente. Mas eu, agora, estou precisando me agarrar em alguma coisa. Tudo está solto e eu me perdi de mim mesma. Sendo assim, nada melhor que eu me agarrar na neurose do corpo perfeito com o pretexto de me sentir bem e bonita. Assim, quem sabe, volto a ter um terra à vista, qualquer que seja ele, e posso continuar nesse barco sem afogar.
Viu? Mais um texto "vou ser sincera comigo". Acho que vou desistir da terapia. Não dá certo mesmo. Eu, hoje à noite, vou omitir isso do remédio para a terapeuta. Sei que se eu contar, ficarei com o sentimento de culpa de ter comprado os remédios. Não quero ficar mais culpada (veja bem, mais culpada). Já tenho culpas suficientes para três vidas. Ela vai fazer com que eu veja que a compra do remédio foi sintomático do meu autoboicote. Eu sei que foi. Ela não precisa me dizer. Não vou contar.
Talvez eu conte tudo isso que estou escrevendo. Mas vai ser só para dizer que eu sou imatura emocionalmente e que a terapia não está me ajudando e eu preciso parar.
Sei lá. Eu sou esquisita. Mas acho que as resoluções de ano-novo começam a fazer efeito.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Entende?

Seria como ter medo de morrer atropelada ao atravessar uma rua sem saída com o sinal de trânsito fechado para os carros. Parece impossível? Para você. Para mim, não. Essa é minha realidade. Eu deixo de fazer o que pode ser bom e tranqüilo, porque a mais remota possibilidade de fracasso me aflige. A aflição me paralisa.
As pessoas precisam saber disso, meu Deus. O mundo precisa saber que eu não consigo viver. E agora eu pensei: coloco o link desse blog no orkut. O mundo vai me entender. Não precisarei mais dissimular meus medos, engoli-los. Não existirá mais a necessidade de não ser eu. A pessoa pública e a privada finalmente se fundirão em um só saco de neuroses.
Claro que não vou colocar link nenhum em lugar nenhum! Não vou me expor a esse ridículo. A pessoa pública não pode se expor a isso. Eu posso. Eu estou aqui para ser apedrejada por causa de meus defeitos, neuroses, esquizofrenias, maluquices e fracassos. Só que eu não estou aqui para ninguém, a não ser eu mesma. Eu vomito em mim mesma toda essa porcaria de vida que eu levo.
E sabe do que mais? Deixa para lá essa história de mundo precisa saber. Eu conto para o mundo outro dia. Hoje, o medo da dor, o medo do fracasso, o medo, o medo, o medo e o medo vão me deixar aqui, sozinha, com o conforto e a proteção da não exposição da pessoa pública. E a pessoa pública continuará dissimulando. Quem não dissimula?
Você me entende?