quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O erro e eu

Saber o que é errado é bastante insuficiente. Engulo o erro com uma água de ontem. O erro desce e na hora quase não se nota. Depois ele dá as caras: desesperado, ansioso, angustiado. Queria vomitar o erro. Ele me faz lembrar de todo o esforço que tive para não errar. Esforço vão. Diluiu-se na água. O medo, mais uma vez, induz ao erro, sem escalas, sem hesitações. O medo me faz ser rápida como água descendo goela abaixo. Não raciocino, não volto atrás. Agora, espero o tremor e a ansiedade acabarem. Conheço o início, o meio e o fim desse caminho. O coração acelerado não deixa dúvidas: ainda estamos a três horas do fim.

Mensagens do desespero

Vergonha. Não consigo pensar em outra palavra. Talvez nojo, talvez raiva. Mas vergonha expressa melhor. Vergonha por ser fraca, vergonha por não ter controle, vergonha por não ter determinação, vergonha por não conseguir cumprir metas, vergonha por desistir de tudo, vergonha por não tentar, vergonha por não ter força de vontade, vergonha por sucumbir, vergonha por ser gorda, vergonha por não tomar decisões, vergonha por precisar dos outros, vergonha por não conseguir não precisar, vergonha por hesitar, vergonha por ser quem eu sou, vergonha, vergonha. Queria poder me esconder de mim mesma e não me enxegar. Não precisar passar na frente dos meus olhos, tão suja e fracassada eu sou.

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Procuro em todos os cantos uma forma de me diminuir, de me humilhar, de me maltratar. Sei que os caminhos são muitos. Sempre prefiro os curtos e tortuosos.

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Cheguei num ponto que só me restaram os seres divinos. Não sei a quem mais devo recorrer. A situação não poderia estar pior. O buraco não parece ter fim. O ditado “do chão você não passa” não faz o menor sentido agora. Meu chão parece uma areia movediça. Todo dia eu sinto estar um pouco abaixo do que estava antes. E não enxergo mais onde posso segurar. Se é que algum dia houve esse “onde posso segurar”.

domingo, 24 de agosto de 2008

No dia que eu nasci

Ontem foi o dia mais triste da minha existência. O que devemos comemorar quando nada na vida parece comemorável? Como vamos nos divertir, se nada parece agradável e prazeroso? Por que comemorar o dia que você nasceu, se estar no mundo agora lhe parece o fardo mais pesado?
Meus passos arrastados mostram quão pesados são meus pensamentos. Carregá-los todo o dia não tem sido fácil. Apelar aos anjos é a saída. Preciso de música. Preciso de abraço. Preciso que alguém me tire daqui.
Não sei mais o que dizer. Só que ontem foi o dia mais triste que eu já vivi.

sábado, 16 de agosto de 2008

Manual

Não se atenha muito ao que eu digo. Estou nas palavras que eu calo.

sábado, 9 de agosto de 2008

Obrigações morais

Sabes que é preciso ser forte, é preciso ser firme. Que não podemos chorar ou hesitar. Tens expressões sérias e passos largos. Sabes que é necessário tomar decisões, ter a cabeça erguida, a respiração longa e vigorosa. E ainda assim, afogas-te em dor. Os joelhos enfraquecidos pelo cansaço te fizeram cair. O solo conheceu tuas lágrimas, teus medos, tuas incertezas. Descansa em paz, porque amanhã deverás ser forte e firme novamente. Lava teu rosto e segue teu caminho. Teus tropeços não serão vistos se exibires a face de um vencedor pela manhã.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Pode parar aqui

Ando meio sem ter o que dizer, sabe? Acho que é tanta bagunça ao meu redor, que eu mal enxergo o cenário de uma maneira geral. Não consigo colocar em palavras tanta zona, tanta confusão. Sinto-me fracassada, derrotada, abandonada, horrível, gorda, chata, aflita, confusa, envergonhada, limitada e um sem-fim de adjetivos autodestrutivos. Afogada em perguntas que talvez não tenham respostas agora, talvez nunca. Pensando em quão idiota é o meu amanhã e em quanto sou idiota de perder meu tempo preocupando me com a idiotice do meu amanhã idiota. De qualquer forma, mesmo tentando controlar esses sentimentos absurdos, não consigo evitar um bater esquisito do meu coração, uma taquicardia preguiçosa... É como se meu coração batesse lento, porém vigoroso. É algo que me deixa sem ar, e eu dou o nome de angústia. Resumindo, tenho vivido angustiada. E essa angústia reflete no meu corpo em forma de alergias diversas, inflamações na conjuntiva, boca e pele secas, desânimo. Vou me salvar, eu sei. Só quero que o mundo pare enquanto eu procuro o manual onde está a solução para esse "problema freqüente".

sábado, 2 de agosto de 2008

Ao anônimo: Artigo 5º, § IV

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.