sábado, 6 de outubro de 2007

A primavera da minha juventude desconhece a paixão de verão e o calor de inverno

Como pode o outono na primavera fazer cair tantas folhas dos meus sentimentos? Como pode a lua de verão na primavera roubar alguns anos da minha juventude e me atirar num mar de águas de inverno? Não sei mais qual a estação tocar; todas, repetitivas, se confundem, se misturam e soam como uma cigarra descontrolada e perdida. Não sabemos mais onde caem as folhas, nem que folhas são essas. Não reparamos mais na lua. Não ouvimos mais a cigarra. A primavera se revolta.
Se faz frio, se caem as folhas, se o céu está limpo e se não vemos flores, é a primavera aborrecida. Mas um dia lembramos que é o mês das flores e dos frutos, como dizia aquele livro há trinta anos. E por mais que não vejamos flores, por mais que o agasalho esteja sobre o corpo e o céu pareça meio cinza, a primavera se faz presente na alma e perfuma nosso sorriso.