sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Uma manhã qualquer

Acordo. Poucas horas de sono. Um bom sono apesar das poucas horas. Me esforço para cumprir as tarefas que resultarão (um dia) em hábitos saudáveis de vida. As poucas horas de sono denunciam que isto é um comportamento paradoxal. Mas os hábitos saudáveis de vida são importantes, e eu diligentemente vou para o templo do culto ao físico. Volto. A vida sorri para mim. O sol brilha. O mundo é bonito. Endorfina. Sou uma viciada. No entanto, já estou pensando na noite. Promessas para hoje à noite. Expectativas? Sim. Acho que sou viciada também. No caminho para o lugar onde faço muito dinheiro para os outros e pouco para mim reparo que não trouxe o aparelho que me faz acreditar que não estou sozinha. Penso, penso. Voltar para buscar seria tão indigno quanto lamber o chão em que meus inimigos pisam. Não, não voltarei. Penso, penso. Fará diferença? A resposta é: provavelmente não. Chegarei em casa e a tela colorida não acusará nenhuma ligação perdida. Provavelmente. Esperanças dão tanto barato quanto expectativas. Um ônibus, dois ônibus, três ônibus. Quarenta e cinco minutos de pensamentos depois estou no lugar onde não estaria se fosse rica. Se fosse louca. Se fosse capaz de tentar ser feliz. A partir de então, nada poderei dizer. Nada de novo. Só a vontade desesperada de existir e de me fazer presente no mundo. Só que daqui de dentro é tão difícil. Esperemos a noite. Endorfina e expectativa. Bons substitutos para anfetamina e chocolate.