domingo, 25 de maio de 2008

Da arte de não ser feliz (parte da história na qual eu descubro que eu não sei me fazer feliz)

Eu não queria ser brega e me perder em palavras tolas, infantis. Mas é como se você me obrigasse a isso. Eu não sei dizer o que sinto. Talvez eu não sinta nada e isso não passe de um devaneio idiota. Na verdade, todo dia eu me pergunto se isso não é alguma doença. Eu sei que eu não ajudo dizendo coisas contraditórias. Mas você já deve ter percebido que a sua técnica também não é das melhores. Eu juro que eu queria saber se isso não é só um buraco que eu me acostumei a tapar com a sua presença. Porém eu confesso que eu não sou muito do tipo que pára para pensar na vida e analisar o que sente. Eu ajo. Isso é certo? Olha, eu não sei. Mas eu tenho certeza que o que você fez não parece ser muito correto. Ando em um momento meio esquisito da minha vida. Parece que com você as coisas dão mais certo. Mas ok. Eu entendi. Você não quer ficar. Eu não consigo entender o motivo. Mentira. Eu consigo. É impossível conviver comigo. Nem eu tenho me aturado. E olha que você até me suporta na medida do possível. Sabe? Eu queria que essa fosse uma carta suicida. Queria parar de dar trabalho a você e aos outros. Queria parar de ouvir meus pensamentos gritarem a noite inteira. Mas eu não tenho coragem. Isso talvez seja um ponto positivo meu. Eu não quero morrer agora. Apesar de não ter esperanças em nada e não acreditar em ninguém, no fundo, bem lá no fundo, eu acho que eu vou melhorar. Eu acho que isso é só uma fase e que vai passar. Olha, eu ainda não sei como. Agora me deu vontade de comprar uma passagem para a Grécia ou para o deserto. Pensei no Caribe também. Sei lá. Um lugar bem longe. Onde eu não precisasse ser eu mesma. Abandomar-me de mim. Mas deixa para lá. Propostas inviáveis não vão ajudar agora. A conversa era com você e sobre a gente. Sabe, talvez eu só esteja precisando de companhia. Talvez eu esteja precisando admitir que eu quero amar de novo. E eu não suporto a idéia de você amar alguém que não a mim, enquanto eu desperdiço rios de lágrimas não amando ninguém. Aaaah! Alguém pode me amar, por favor? Minha mãe não vale. É... Às vezes eu acho que estou querendo coisas tão idiotas e tão sem lógica. Qual o meu problema? Céus! Quero ser normal. Chega de chorar por hoje. Por hoje, chega de drama. Mas é que eu simplesmente não estou feliz. Você entende? Está difícil. E às vezes parece que você é a solução. Eu entendo que assim voltamos àquele ponto onde você se torna totalmente responsável pela minha felicidade. E eu entendo como isso deve ser bizarro e sem noção. Mas algo me diz que eu sou completamente incapaz de me fazer feliz. Sei lá. Só um palpite.