quarta-feira, 4 de junho de 2008
Que horas são?
É como se eu vivesse algo que não fosse meu. O meu corpo saindo do meu espírito e dançando. O meu espírito velando. São dias em que as horas são como o mar. A tentativa de alcançar o horizonte é vã, e vã é a história que eu conto para esse mar passar, me afogar, me deixar. Então, submersa em você, conto segundos, flechas atiradas no meu corpo que baila pela sala procurando pelo espírito. Vou contar um segredo e fecho as portas, as janelas. O mundo não me ouve. O segredo está na primeira página do jornal, amarelo, de ontem, de outros mares. Surgem idéias, mas não surge o papel. Eu peço um segundo, uma flecha, para o corpo, e ele me pede o mar. Eu sou o mar, que demora sessenta minutos para passar.