Seria como ter medo de morrer atropelada ao atravessar uma rua sem saída com o sinal de trânsito fechado para os carros. Parece impossível? Para você. Para mim, não. Essa é minha realidade. Eu deixo de fazer o que pode ser bom e tranqüilo, porque a mais remota possibilidade de fracasso me aflige. A aflição me paralisa.
As pessoas precisam saber disso, meu Deus. O mundo precisa saber que eu não consigo viver. E agora eu pensei: coloco o link desse blog no orkut. O mundo vai me entender. Não precisarei mais dissimular meus medos, engoli-los. Não existirá mais a necessidade de não ser eu. A pessoa pública e a privada finalmente se fundirão em um só saco de neuroses.
Claro que não vou colocar link nenhum em lugar nenhum! Não vou me expor a esse ridículo. A pessoa pública não pode se expor a isso. Eu posso. Eu estou aqui para ser apedrejada por causa de meus defeitos, neuroses, esquizofrenias, maluquices e fracassos. Só que eu não estou aqui para ninguém, a não ser eu mesma. Eu vomito em mim mesma toda essa porcaria de vida que eu levo.
E sabe do que mais? Deixa para lá essa história de mundo precisa saber. Eu conto para o mundo outro dia. Hoje, o medo da dor, o medo do fracasso, o medo, o medo, o medo e o medo vão me deixar aqui, sozinha, com o conforto e a proteção da não exposição da pessoa pública. E a pessoa pública continuará dissimulando. Quem não dissimula?
Você me entende?