sábado, 15 de dezembro de 2007

Prosa embriagada

E de pensar que às vezes sou eu. E às vezes não é. E nas noites frias estou. E pode ser que nem esteja. Somos tantos, e tão pouco tempo há para exercer todas as facetas de nós. Somos poucos e nesse tempo todo da vida tentamos nos desmembrar.
E de pensar que nenhum de nós vai se salvar. Todos morreremos afogados na tentavida de viver. Viver plenamente, viver feliz. Ah! Doce vida que me embriaga a cada gole seco. Não tenho muitos nem tenho poucos. Tenho o suficiente. Goles, ar, amigos, copos. Camas, corpos, línguas.
E de pensar que nem pensando estou. E que se eu parar para pensar, lá se vão alguns anos da minha doce amarga salgada azeda vida. Sem você, sem mim. Você com ela, eu com ninguém, eu com muitos, você sozinho. Ah! Vida. Vida que não nos trai. Não nos abandona. Vida que olha para trás e nos lança um beijo. Vida que cruelmente morre com a gente.
E de pensar que isso está acabando agora. Que meus dedos torpemente digitam palavras vãs. Eles querem tocar os lábios, a pele, o ar, o embaçado do vidro, o som das suas palavras. Eles querem sair daqui e pedir perdão pela vida que maculam ao profanarem tão doce vida com palavras tão pobres e imundas.