sábado, 15 de março de 2008

O mundo e a taça

Quando tudo no mundo ruir e sobrar apenas a taça de vinho, lá estarão meus dedos, que não sentem o teclado sob eles, digitando, torpemente. Tropeçando palavras. Palavras, ah, palavras, que quando não são cuspidas por essa boca imunda, inundam a tela de falta de sentido. O mundo ruiu. O mundo ruim ruiu e sobrou apenas aquela taça de vinho. Talvez um tablete de chocolate e um cigarro aceso. Ah! Mundo de palavras vãs. Eu sou uma fracassada a andar por esse mundo que ruiu e nada tem a me oferecer a não ser essa doce taça. Vã. Torpe. Ah! Tonteira que não passa. Passa o mundo e sua ruindade, passa o tempo, passa a vida. Vida dividida entre o desejo de ser feliz e de viver. Ninguém vive feliz. Ou se vive ou se é feliz. Desperdicei momentos de ser feliz? Não. Dou graças por não ser como você. Ainda não desperdicei nada. Nada me aconteceu. Tenho o tempo todo para ser feliz. Iludida penso: o mundo é meu, por mais que ele estaja ruindo. Ah, mundo ruim, não se transforme agora numa taça de vinho, espere eu ser feliz. Então, depois disso, me afogue na taça. Eu e o mundo. O mundo que ruiu. O mundo ruim. O mundo e eu. O mundo é meu.