Talvez me acusem por participar da minha vida, por querer ter o papel principal, por transar com o diretor, casar com o coadjuvante, beber com o cameraman e ser amiga da vilã.
Eu teimo em achar que o filme dos outros é melhor. Olho e vejo roteiros mais emocionantes que o meu. Mas, analisando cautelosamente, são todos figurantes do meu filme. Seus personagens não têm história. Eles fazem parte de um elenco de apoio de quinta. Eu sou a diva. Tragam-me cento e três toalhas brancas com meu nome bordado no canto superior esquerdo. Apareço nos tablóides do mundo inteiro. Às vezes paro e penso como seria a trilha sonora. Acho que escolheria um só cantor. Quem sabe uns três. Mas não seriam muitos. E as músicas precisam ter letra. Música instrumental sucks. Não serve nem para beijo romântico no final. Ademais, meu filme não terá final feliz. Mas quem se importa? Meu filme não terá final at all. Está decidido. An endless movie. Serei produtora executiva do meu filme. O produtor é aquele que manda, pois é quem tem o dinheiro. Escolherei todo o staff. Meu filme será épico, atemporal, clássico, thriller.
A estante está montada. Que venham os prêmios