quinta-feira, 22 de maio de 2008
Se ligarem, diga que não estou
As dores do corpo refletem, certamente, as inumeráveis dores da alma. Não quero ser responsável pelas dores alheias. Não quero causar ferida na alma de outrem. Sou eu e mais ninguém quem deve sofrer. Mas parece que dessa vez algo deu errado, e um sentimento muito parecido com arrependimento dói. E doem meus joelhos. Não quero que alguém, além de mim, sinta a imensa dor que senti, não quero que outro ser humano tenha a alma arrancada do próprio corpo, como eu tive tantas vezes. Mas, agora, nesta manhã, me pergunto o que eu fiz. Confesso que nem sei se essa dor, localizada em cada um de meu joelhos, que me enfraquece e me dá vontade de sentar, é arrependimento. Mas essa garganta inflamada, essa dificuldade de engolir, me dá indícios de que eu talvez esteja brincando com as dores humanas, como um dia já brincaram com as minhas dores. Não. Não quero e não posso ser responsável pelas dores alheias. Não tenho maturidade para curá-las. E eu não sei. A verdade é que eu não sei mais. O corpo dói, a alma dói, e eu não tenho respostas certas.