Dia desses estava pensando pensando pensando e pensando sobre minha vida agora, pensando se eu estava ou não satisfeita com a minha vida. Comecei a pensar sobre o que é estar satisfeito, pensar sobre o que é esse sentimento/sensação. Fiquei pensando. Cheguei a uma conclusão meio besta, tão besta que acho que deve ser um senso comum daqueles bem gigantes, fala de personagem de novela. Mas pensei mais um pouco e acho até que lembrei que Proust pode ter chegado a alguma conclusão parecida (parecida, leia bem).
Pensei e pensei e conclui que nada se move quando estamos satisfeitos. A pessoa satisfeita não sai do lugar, sua vida não se mexe. A satisfação é uma espécie de acomodação. Você fica tão envolvido naquela bestice de achar que tudo está bem, sorrindo ao acordar, que esquece de sair do lugar. O ser humando devia ser proibido de ficar satisfeito.
Não que eu queira todos infelizes. Felicidade não é satisfação. A felicidade é uma forma de conflito. Você quase nunca está feliz e vive buscando estar, e quando está, logo passa. Ou seja, conflito. E foi sobre conflito que eu comecei a pensar. Conflitos obrigam as pessoas a sair do lugar. Conflitos são como buracos no chão, como solavancos e empurrões em uma pista de show lotada. São nos momentos ruins, nos momentos de insatisfação, de busca de algo, de perda, que nos movemos, que andamos para a frente. A satisfação é um freio. A depressão talvez seja quando você cai no buraco do conflito, quando é derrubado pelo solavanco no show. Aí, mermão, já era. A idéia do conflito não é deprimir você, é fazer você pensar sobre o que acha daquilo, sobre o que acha da sua vida. Enfim, buracos a serem ultrapassados, solavancos que nos fazem mudar de lugar, quer nós queiramos, quer não.
Aí, quando eu olhei para o relógio, vinte minutos tinham se passado. Foi realmente uma sessão de pensamento. Fiquei com isso na cabeça: conflitos não são necessariamente ruins. Aliás, eles são bons. Por mais que você não esteja achando isso na hora.