domingo, 26 de outubro de 2008
Eu não sei o que dizer quando o medo fala por mim
Todo final de domingo é a mesma coisa, e eu desisti de achar metáforas. Todo final de domingo é assim, e eu ainda tentei uma última metáfora. Impossível explicar. Impossível explorar. O medo toma conta de mim. Fico muda diante do embate de tantas forças internas. Olho para a televisão e tento me concentrar em algo que não seja o meu medo. Como, rio, observo. E só vejo medo, só escuto medo. Tentei com metáforas e não soube me fazer entender. Digo a verdade: medo. Medo de não ser, medo de ser, medo de continuar, medo de parar, medo de amanhã, medo de daqui a um mês, medo de dormir, medo de acordar, medo de não mudar, medo de mudar. E por mais babaca que isso tenho parecido para você, é isso mesmo. O medo me joga num limbo da existência. Fico quieta e respiro pouco. Não quero parar de respirar, para não morrer, mas também não quero que minhas células oxidem com velocidade exagerada. Ai, quando isso acaba? Crise interminável? E isso é carma? E isso é fardo? E isso é vida? Sonhos de mais uma noite perturbada de verão. Usaria tudo isso como título. E quase escrevo túmulo. Medo.