sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Não eu
Sem você, passo mais um dia que parece um ano, que parece um monstro, que parece um não. A madrugada se aproxima e com ela o fim da tortura. Envolta na neblina do fim da noite, consigo esquecer, consigo relaxar, consigo não pensar. Os pequenos passos me levam até meu quarto. Aguardo o fim de mais um noite sem fim. Minha maturidade escondida no fundo de uma gaveta que quase nunca é aberta. Pensamentos vão e voltam, e esse movimento embala meu sono. Acordo sem você. Um monstro atrás da porta me aguarda. Mais um dia. Visto uma fantasia e vou para a rua, fingir que suporto. Não, não suporto. Você poderia ver nos meus olhos que é demais para mim. Mas eles não veem. Acham que estou bem, madura, resolvida. Decidi não parar de tomar o remédio. Quero enfrentar essas novas situações envenenada, alheia. Um não eu, para um não dia. Um quase eu, para um quase dia.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Algumas palavras compassadas
Não consigo não lembrar. Se faz impossível não pensar. As imagens vêm. Martelando. Incessantemente atrás dos meus olhos. A cada página. A cada letra. Riscos nos papéis não me deixam esquecer. Ritmada. A lembrança. Frequente. Insistente. Mas não me incomoda. Só me desconcentra. A todo minuto. Quente. Surpreso. Pleno. Medo de me importar demais. Não posso ser pega assim de surpresa. Ai, minha concentração, meu trabalho. O toque. A noite. A manhã. A madrugada se transformando em dia. As horas na sua presença se esgotando. Não estou imune a essas lembranças. Mas não posso me deixar levar pela vontade de transformar meus desejos em realidade.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Atrasadas
As primeiras lágrimas vieram pesadas, borradas, cinzentas. Tinham o gosto da cerveja e o cheiro do cigarro. Acompanharam um pensamento meio concreto meio vago de que você pode ser a pessoa de que gosto, de que não há mais ninguém, de que a solidão me espera para uma longa caminhada. Elas eram duras e não caíram com facilidade. Minhas lágrimas, não adianta forçá-las. Essa dor na garganta, esse aperto no peito, demoraram a chegar. Mas eram visitas previsíveis, e apareceram. Choro e sinto a dor que não veio na hora certa. Diluo no dia de hoje os dias e as noites que te esqueceram no fundo do copo, no resto das cinzas, no rosto mal lavado. Você merece mais do que uma ressaca.
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