domingo, 30 de março de 2008

Quando você chegar

Quando você chegar, anote meu telefone, decore me nome, me ligue e me chame. Quando você chegar, quero ficar com a boca seca, quero que me estômago revire, quero tremer. Quando você chegar, me olhe como se eu fosse a única, converse comigo como se tudo o que eu dissesse fosse interessante, importante e relevante. Quando você chegar, me permita que eu não precise guiar, que eu não precise pensar. Quando você chegar, me pegue nos braços com a força de um desejo que você nunca sentiu, faça com que eu me sinta especial para sempre durante aquele momento. Quando você chegar, apague a luz, feche meus olhos e a porta. Sonhe comigo, ao meu lado. E chegue logo, por favor.

Por hoje não

Vou, sim, me afogar em dor e lágrimas. Mas só amanhã. Vou morrer de angústia, sufocada pela perda. Mas não agora. Cansei de sofrer hoje. Amanhã, quem sabe? Amanhã, um novo dia, o sol me despertando, umas quinze horas pela frente para viver. Terei bastante tempo para lamentar. Agora não. Agora quero sorrir, quero sair, quero viver a plenitude da minha juventude transviada, da minha rebeldia sem causa, da minha cara pintada, love and peace, amor livre. Quero abrir minha alma para toda a alegria que estiver solta no caminho. Amanhã, lágrimas e dor. Quem sabe? Mas hoje, hoje não. Só por hoje não.

terça-feira, 25 de março de 2008

Indabus

Fiquei triste porque de novo não estava. Você sai cedo, eu chego tarde e ultimamente tenho me atrasado mais do que o de costume. Vou me esforçar para chegar mais cedo, pelo menos no horário, a fim de nos encontrarmos de novo. A verdade é que tenho até sentido saudades. Saudade do seu jeito que não conheço bem, das suas histórias que ainda não me contou, do seu beijo que não lembro. Vê se aparece. Queria te encontrar amanhã.

domingo, 23 de março de 2008

Eu vou embora

Eu vou embora, porque há um amanhã. Não posso mais ficar esperando pelo ontem que nunca vai se transformar em hoje. Já foi. Já desperdiçamos muitos dias. Eu vou embora, porque há um porquê, há um motivo. Eu não sei bem qual é. Eu vou embora. E eu sei que isso não dói tanto em você como dói em mim. Mas dói.

sábado, 22 de março de 2008

Cansada

Sem motivos para encontrar uma razão. Sem motivação para procurar estímulos. Não há coisa alguma depois do arco-íris. Foi alguma mentira que me contaram e agora não tenho vontade de me levantar da cama. Os dias passam arrastados. Qual a graça de se viver sabendo que não há nada atrás da cortina? Aliás, que cortina? A vida tem me parecido uma grande planície vazia. Sem lugar aonde chegar. Cansei de andar.

sábado, 15 de março de 2008

Verdades e mentiras

E tudo isso porque eu falo verdades e você vive mentiras.

O mundo e a taça

Quando tudo no mundo ruir e sobrar apenas a taça de vinho, lá estarão meus dedos, que não sentem o teclado sob eles, digitando, torpemente. Tropeçando palavras. Palavras, ah, palavras, que quando não são cuspidas por essa boca imunda, inundam a tela de falta de sentido. O mundo ruiu. O mundo ruim ruiu e sobrou apenas aquela taça de vinho. Talvez um tablete de chocolate e um cigarro aceso. Ah! Mundo de palavras vãs. Eu sou uma fracassada a andar por esse mundo que ruiu e nada tem a me oferecer a não ser essa doce taça. Vã. Torpe. Ah! Tonteira que não passa. Passa o mundo e sua ruindade, passa o tempo, passa a vida. Vida dividida entre o desejo de ser feliz e de viver. Ninguém vive feliz. Ou se vive ou se é feliz. Desperdicei momentos de ser feliz? Não. Dou graças por não ser como você. Ainda não desperdicei nada. Nada me aconteceu. Tenho o tempo todo para ser feliz. Iludida penso: o mundo é meu, por mais que ele estaja ruindo. Ah, mundo ruim, não se transforme agora numa taça de vinho, espere eu ser feliz. Então, depois disso, me afogue na taça. Eu e o mundo. O mundo que ruiu. O mundo ruim. O mundo e eu. O mundo é meu.

Nunca foi de outro jeito

Está frio como se nunca tivesse sido de outro jeito. Está frio. Estou de meias. Televisão. Chocolates. Sinto sua falta como se nunca tivesse sido de outro jeito. Mas foi. Assim como ontem estava quente. Já houve dias em que não senti sua falta. Mas hoje faz frio. A casa gelada. O coração petrificado. Ontem eu estava feliz. Hoje não estou triste. Tem diferença. Amanhã não sei. Depois de amanhã estou nervosa. E por mais que eu queira te contar, você não quer saber. Mas eu sei. Está frio. O frio não passa. A saudade, sim. Aos poucos. Meias, vinhos, inteiras, chocolate, cochilo. Frio. Sozinha. Como se nunca tivesse sido de outro jeito. Eu vivo assim. Como se sempre tivesse sido. Mesmo que ontem estivesse quente e eu estivesse com você. Assim. Nunca foi de outro jeito.

terça-feira, 11 de março de 2008

Me matem

Matem-me com requintes de crueldade, me tirem deste mundo estúpido. Poupem-me desses comentários, desses olhares, dessas insinuações. Tudo é barato. Tudo é comum. Eu não pedi para nascer nessa feira de horrores. Tirem-me daqui. As pessoas não têm vergonha de viver? O mundo está cheio de imbecis. Eu não sou imbecil. Tenho certeza. Acho que me colocaram no lugar errado.

sábado, 8 de março de 2008

O dia que alguém tem o mesmo problema que você

My head won't leave my head alone
and I don't believe it will
Until I'm dead and gone
My head won't leave my head alone
and I don't believe it will
Until I'm six feet underground
How long I'm tied up
My mind in knots -
My stomach reels
In concern for what I might do or
What I've done
It's got me living in fear
Well I know these voices must
Be my soul
I've had enough
I've had enough of being alone
I've got no place to go

terça-feira, 4 de março de 2008

Eu te amo

Eu te amo sem palavras eu te amo coração apertado eu te amo boca seca eu te amo borboletas no estômago eu te amo rosto molhado de lágrimas eu te amo fraca sob o peso da saudade eu te amo arrepio na pele eu te amo sorriso iluminado eu te amo felicidade no olhar eu te amo nó na garganta eu te amo forte esperando sua volta eu te amo sem ar eu te amo mãos suadas eu te amo cantarolando músicas de amor eu te amo nunca me senti assim eu te amo com flores eu te amo nossos planos eu te amo quanto tempo ainda virá eu te amo nós dois eu te amo eu amo você.

domingo, 2 de março de 2008

Meu teatro

Eu não respiro, eu sorrio. Eu não me apaixono, eu grito. Eu não ando, eu danço. Não choro, sangro. Não acordo, eu corro. Eu não me decepciono, despenco. Não tenho medo, paraliso. Quando vou dormir, fica escuro, e não são meus olhos fechando, são as cortinas descendo ao final do espetáculo.

sábado, 1 de março de 2008

Quem somos

Para que usar definições baratas, compradas no supermercado, coladas como avisos em elevador? Por que simplificar o que podemos tornar complexo? Definir pessoas não é tão fácil quanto se imagina. Bonita. Legal. Querida. Fofa. Extrovertida. Metida. Quieta. Arrogante. Ah! Se fosse assim... Se fosse assim, não passaríamos horas na frente do espelho consertando nosso ódio, arrumando nossa ansiedade, despenteando nosso tédio, maquiando nossa excitação, lavando o amor não correspondido... Nos vestimos para os outros, mas quem passa o dia na frente do espelho somos nós. Evitamos determinados comportamentos, calamos quando achamos conveniente, sorrimos em vez de gritar, socamos quando deveríamos acariciar. Somos uma colcha de retalhos de frustrações, costurados com expectativas, toda bordada de contradições. Somos o céu e o mar que nunca se encontram e somos também a lua cheia querendo ser dos dois. Se a você parece simples dizer quem sou, dê meia-volta. Seu lugar não é aqui.