terça-feira, 24 de junho de 2008

Das palavras que não são ditas

Não sou eu, são minhas palavras. Elas falham na tentativa de dizer o que eu sinto. Falham de bobas que são. Ficam tentando se proteger. Ou sei lá, me proteger. Já disse que não precisa. Falei para que ficassem atentas ao que ocorre do lado de fora: a qualquer instante seriam solicitadas. Mas elas teimam em resguardar-se. Nem parecem com a dona. Ou talvez conheçam bem demais a dona que têm e, por isso, ficam quietas, achando que assim guardam uma reputação.

E se as palavras não saem, não se manifestam, ficam a rodar dentro de mim, amputadas, coxas, imperfeitas. E tudo dói. Então eu reclamo: antes vocês, palavras, tivessem saído e sido ditas. Não ficariam aí se debatendo, formando frases que nunca verão a luz do dia. Alíás, um grande desperdício é quando você imagina toda aquela conversa, com aquela pessoa, por causa daquele problema. Palavras e palavras arrumando-se em fileiras, em colunas. Lindas. Na hora de marcharem, recuam e decidem se esconder, bem no fundo de um baú de "conversas a se ter". Minhas palavras são assim: estúpidas, cegas e covardes.

Diariamente, colo parte delas aqui, com algum super adesivo eterno desses. Depois, quando volto para ver como estão, algumas me parecem tão bobas, estáticas na tela, com fantasia de palhaço, com jeitinho de inúteis. Outras surgem um pouco mais arrumadas, como se não fossem minhas. E todas ficam aqui, coladas, para sempre, mesmo que o prazo de validade delas já tenha expirado.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Contagem regressiva

Eu tenho dez minutos para dizer que eu não vou ser insegura, nem vou ter medo de novo. Ok, são nove minutos agora. E como eu ia dizendo, eu não vou ter mais medo. Eu já aprendi como é e posso dizer muito tranqüilamente que deu quase tudo certo. Oito. Não vou me sentir menor, nem vou tentar parecer melhor. Agora sete. O que é isso? Eu não preciso disso. Quer ir? Ora, vai. Não enche a paciência. E vai logo, porque está ocupando espaço. Seis minutos. Não vou ficar me comparando. É uma idiotice isso. Não faz nenhum sentido. Cada centavo daquela terapia é bem gasto, sabia? E agora que faltam cinco minutos, eu gostaria de dizer que não vou escolher uma frase de Beckett para colocar no meu orkut, nem vou dizer que gosto desse ou daquele filme só para chamar atenção. Até porque faltam quatro minutos, e eu não tenho tempo para perder tentando parecer o que eu não sou. Dá um trabalho danado ser quem eu sou. Sério. Eu estou esperando faltarem três minutos para que esse discurso todo faça algum sentido. Enfim, ainda não sei direito, sabe? Mas de uma coisa eu sei: nesse caminho de trevas aí eu não entro. Ah, não entro mesmo. Até porque eu já entrei e já saí e nem gostei. Vou ficar aqui porque faltam segundos para faltarem dois minutos. Dois. Meu caminho agora é de luz, segurança, confiança. Sim, sim. Pode tirar onda com a minha cara, eu não me importo. Cheguei longe e só falta um minuto. Tenho que ir, de cabeça erguida, dando valor ao que eu sou e construí, porque nada há de mais caro (em todos os sentidos) do que eu.
Gostaria de agradecer aos leitores por terem me acompanhado nesse processo de recuperação da sanidade perdida. Foi um lapso só. Passou. Beijos.

Sobre satisfação e conflito

Dia desses estava pensando pensando pensando e pensando sobre minha vida agora, pensando se eu estava ou não satisfeita com a minha vida. Comecei a pensar sobre o que é estar satisfeito, pensar sobre o que é esse sentimento/sensação. Fiquei pensando. Cheguei a uma conclusão meio besta, tão besta que acho que deve ser um senso comum daqueles bem gigantes, fala de personagem de novela. Mas pensei mais um pouco e acho até que lembrei que Proust pode ter chegado a alguma conclusão parecida (parecida, leia bem).

Pensei e pensei e conclui que nada se move quando estamos satisfeitos. A pessoa satisfeita não sai do lugar, sua vida não se mexe. A satisfação é uma espécie de acomodação. Você fica tão envolvido naquela bestice de achar que tudo está bem, sorrindo ao acordar, que esquece de sair do lugar. O ser humando devia ser proibido de ficar satisfeito.

Não que eu queira todos infelizes. Felicidade não é satisfação. A felicidade é uma forma de conflito. Você quase nunca está feliz e vive buscando estar, e quando está, logo passa. Ou seja, conflito. E foi sobre conflito que eu comecei a pensar. Conflitos obrigam as pessoas a sair do lugar. Conflitos são como buracos no chão, como solavancos e empurrões em uma pista de show lotada. São nos momentos ruins, nos momentos de insatisfação, de busca de algo, de perda, que nos movemos, que andamos para a frente. A satisfação é um freio. A depressão talvez seja quando você cai no buraco do conflito, quando é derrubado pelo solavanco no show. Aí, mermão, já era. A idéia do conflito não é deprimir você, é fazer você pensar sobre o que acha daquilo, sobre o que acha da sua vida. Enfim, buracos a serem ultrapassados, solavancos que nos fazem mudar de lugar, quer nós queiramos, quer não.

Aí, quando eu olhei para o relógio, vinte minutos tinham se passado. Foi realmente uma sessão de pensamento. Fiquei com isso na cabeça: conflitos não são necessariamente ruins. Aliás, eles são bons. Por mais que você não esteja achando isso na hora.

Ops!

Faltam dois meses!

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Não lembro sobre quem

A idéia de que aquela possa ter sido a última vez que te vi fez com que eu não pudesse dormir direito. Pensamentos confusos me perturbaram durante toda a noite:
Os meus olhos procurando os teus, tantos quilômetros, tantas histórias, tantas vidas entre nós.
Seria aquela a última vez que eu ouviria tua voz?
E o que eu vou guardar de ti?
Será que não existe mais nada?
E será que um dia existiu?
Tentativas vãs de te tocar, de me fazer perceber.
E a noite continuava, longa e desesperada. Poucas horas para dormir e tanto de ti para ser pensado. Tanto para ser digerido. Acordo e uma dúvida entra pela janela: foi eterno enquanto durou ou seria melhor nem ter vivido nada? Preciso escolher agora? E o que eu faço com esse revirar de estômago, essa saudade de não sei bem o quê, essa falta do que eu nunca tive? O que eu faço com a tua lembrança? Será que tu és agora só mais uma lembrança? Queria tanto acreditar que não...
Sentimentos tolos, que tanto evito, tomaram a minha alma.
Não. Não quero mais falar sobre ti. E nem quero mais entender o que ou quem te colocou no meu caminho. Não quero mais ocupar meus pensamentos com divagações, não quero mais nada contigo.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Ó que legal!



Resultado da brincadeira da Rebeca

Nome da banda: Abiola Dauda

Nome do disco: Without the female sex

Capa do disco:

Descobri isso no blog da Lele.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Nota

Atenção para não confundir "não questionamento" com "impulsividade".

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Dois menos um igual a ninguém

Eu não sou o que eu faço, nem o que dizem de mim. Eu não sei o que sou, e isso não me impede de ser. São perguntas a todo momento, e eu me esquivo delas da maneira que posso. Eu me recuso a ser o que sei, porque sou o que eu ainda não sei . No momento, eu talvez seja uma trégua na busca. Pelo menos por enquanto.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Que horas são?

É como se eu vivesse algo que não fosse meu. O meu corpo saindo do meu espírito e dançando. O meu espírito velando. São dias em que as horas são como o mar. A tentativa de alcançar o horizonte é vã, e vã é a história que eu conto para esse mar passar, me afogar, me deixar. Então, submersa em você, conto segundos, flechas atiradas no meu corpo que baila pela sala procurando pelo espírito. Vou contar um segredo e fecho as portas, as janelas. O mundo não me ouve. O segredo está na primeira página do jornal, amarelo, de ontem, de outros mares. Surgem idéias, mas não surge o papel. Eu peço um segundo, uma flecha, para o corpo, e ele me pede o mar. Eu sou o mar, que demora sessenta minutos para passar.

Agora

Algo se apodera de mim, e eu não posso classificar como felicidade, tampouco paz. É ainda luta. É ainda reconhecimento de território. É ainda insegurança. E é tudo isso, mas é contentamento e satisfação. Eu que vivo buscando razões para viver; eu que estava cansada de viver; eu que já nem estava.